Gasolina FIT-UFC, cumpre o que promete?

Muitos leitores me perguntaram o que acho da gasolina FIT-UFC, produzida na refinaria de Manguinhos (REFIT) no Rio de Janeiro. Para quem mora no Rio de Janeiro e áreas próximas, os anúncios no rádio e outras mídias são recorrentes, com promessas de maior desempenho do motor, maior economia de combustível, menos emissões de poluentes e maior durabilidade do motor, efeitos benéficos da “gasolina aditivada de série”.

Respondo à pergunta do título com um sonoro NÃO SEI, mas enfatizo que tentei saber.

Naveguei pelo site da REFIT e pouco achei. Escrevi duas mensagens para o “fale conosco” da REFIT e não obtive resposta. Perguntei por duas vezes à REFIT quais testes tinham sido realizados para dar respaldo às afirmações veiculadas (maior desempenho, maior economia, mais durabilidade do motor) e não obtive qualquer resposta.

Queria saber também qual norma havia sido aplicada e qual o laboratório havia realizado os testes. Sigo até o momento sem resposta e diante da insistência de alguns leitores, resolvi emitir opinião neste post.

Neste meio tempo, encontrei uma reportagem (matéria paga) no caderno AUTO ESPORTE publicado no jornal O GLOBO de 29/04/2023. Deste conteúdo patrocinado reproduzo as seguintes informações:

  • que os testes foram realizados pelo Instituto Mauá (NR – que conta com bons profissionais e bons laboratórios)
  • que a norma que guiou os testes foi a ABNT 16038/12 (NR – Combustíveis — Medição de depósitos em válvulas de admissão em motor com ignição por centelha).
  • que o único número extraído do texto e publicado na matéria paga é que a FIT-UFC reduz em 84% os resíduos da combustão (NR – os quais são eventualmente acumulados nas válvulas de escape).

Os que acompanham este BLOG desde a sua versão original, sabem que não recomendo o uso de gasolina aditivada para quem já usa o carro há vários anos. Usar os aditivos detergentes desde o início da vida do motor evitará acumulos de partículas e há boas chances de que, no muito longo prazo, haja benefícios ao motor (conclusão teórica, sem fundamentação prática).

Entretanto, passar a usar gasolina aditivada em motores muito usados, pode gerar desprendimento de partículas já aderidas nas sedes das válvulas (os aditivos são detergentes), e este desprendimento pode ocorrer de forma irregular (muito provável, já que o processo é aleatório), e poderá acarretar indesejadas superfícies irregulares nas áreas de contado de válvulas e suas sedes, prejudicando o funcionamento do motor (conclusão também teórica, sem fundamentação prática).

Diante do silêncio da REFIT, da norma escolhida para realizar os testes e da minha opinião técnica sobre o uso de gasolinas aditivadas, tenho a dizer:

. se você tem um carro novo e um posto CONFIÁVEL que vende gasolina da REFIT, pode usar a FIT-UFC sem susto (o critério de preço é que deve lhe nortear).

. se você tem um carro já muito usado, não se arrisque com a FIT-UFC ou qualquer outra gasolina aditivada. Você vai pagar mais caro para correr riscos com o seu motor.

. nos dois casos acima, não há qualquer evidência de que os outros benefícios veiculados nos anúncios da FIT-UFC serão efetivos no seu carro e perceptíveis por você.

Motores a hidrogênio podem ser uma realidade hoje em nossos carros?

Um leitor viu um vídeo na Internet que oferece um kit para converter motores que usam gasolina para passar a usar hidrogênio (anunciado como motor a água!).

Neste caso, a resposta ao meu leitor é : DEFINITIVAMENTE NÃO !!!

O anunciante da proeza, que vende o kit de conversão, é um estelionatário tecnológico. Explico:

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Desgaste de pneus. Os marcadores TWI devem ser observados.

Vou voltar ao assunto, pois é relevante e requer conhecimento, para não correr riscos ao rodar ou ser abordado por um fiscal desonesto.

Há alguns anos fui fazer a vistoria anual do meu carro e o atendente ia reprovando meu Suzuki Gran Vitara 2011! Nas palavras do fiscal “seu estepe atingiu o TWI, não tem mais condições de uso…”. Estranhei…

Havia tocado os quatro pneus do carro antes da hora, sem atingirem o TWI (Tread Wear Indicator, ou em tradução livre, Indicador de Desgaste da Banda de Rodagem). Botei um dos pneus que estava rodando no estepe. O desgaste era grande (para 20 mil quilômetros), mas os pneus ainda estavam longe de estar “carecas”.

Questionei o fiscal e o chamei para perto do estepe (na traseira do carro), para mostrar que as marcas de TWI não tinham sido atingidas. Ele então me mostrou uma “ponte de borracha” entre dois gomos do pneu (nivelada com a superfície da banda), que parece uma marca TWI, mas não é, ela é apenas uma característica do desenho da banda do pneu. Mostrei a marcação no “ombro” do pneu, que indica o alinhamento dos marcadores TWI. Ele então pediu desculpas e voltou atrás.

O assunto requer atenção, um erro como este do fiscal pode te levar a ter que comprar pneus novos e ter que voltar para refazer a vistoria. 

Se você não sabe achar as marcas TWI, procure por esta indicação triangular no ombro do seu pneu (ou a sigla TWI). Exemplo na foto a seguir:

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Etanol ou gasolina?

Já abordei o tema em alguns posts anteriores (os links estão no final deste post), mas volto ao tema que foi notícia hoje no rádio, por conta das grandes variações de preço decorrentes da redução de imposto nos estados.

Para tomar a decisão do ponto de vista meramente econômico, a regra de 70% é a forma mais fácil de tomar a decisão. Ou seja, se a gasolina estiver custando R$ 7,00 o etanol deve estar com preço abaixo de R$ 4,90, se a gasolina estiver a R$ 6,00 o etanol deve estar abaixo de R$ 4,20, e assim por diante.

Esta não é a forma mais precisa de decidir qual combustível usar, mas é a mais fácil.

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Já que falamos em híbridos, vamos esclarecer sobre os principais tipos de carros híbridos que estão à venda no Brasil.

O híbrido mais frequente é o “full hybrid”, que tem um motor a combustão que participa da tração do veículo (movimento) e também aciona um gerador que carrega as baterias de tração, estas (um grande conjunto) aciona um motor elétrico, capaz de movimentar sozinho o carro, quando as baterias estão carregadas. Os tecnicamente mais evoluidos são capazes de gerenciar a força dos dois motores (combustão e elétrico) para, em conjunto, otimizarem a performance ou a economia do carro. Nestes carros a energia das frenagens é convertida em carga elétrica para as baterias, otimizando a condução destes híbridos principalmente no trânsito urbano.

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Preços altos do etanol e da gasolina requerem atenção redobrada ao abastecer.

A mais nova disparada dos preços do etanol e da gasolina requerem mais do que nunca atenção na tomada de decisão de qual combustível escolher.

Já detalhei aqui no BLOG uma forma bem precisa de reconhecer o consumo médio de seu carro com cada combustível, já que a decisão acertada depende de cada conjunto – carro/motorista/tipo de uso/preços dos combustíveis.

Neste post vou simplificar, usando os dados colhidos com meu Jeep Renegade 2020 Longitude Flex automático,a partir de minhas observações ao longo de quase um ano e meio de uso (e pouco mais de 11 mil km).

No último abastecimento anotei no posto R$ 5,097 para o etanol e R$ 6,297 para a gasolina comum.

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Tração 4×4 é sempre para o offroad?

Um programa de TV na semana passada tratou do assunto e trouxe dúvidas aos leitores. Já tratei deste tema aqui no BLOG mas não custa fazer uma revisada rápida…

Tração nas 4 rodas quer dizer que o veículo recebe, no eixo dianteiro e no traseiro traseiro, a força do motor (no jargão popular).

Um 4×4 como eram os Jeeps Wyllis/Ford, fabricados aqui no Brasil até a década de 1980, havia uma diferencial traseiro, um diferencial dianteiro e uma caixa de transferência, acionada manualmente por alavanca no assoalho do Jeep, onde se podia escolher, tração traseira, tração 4×4 e tração 4×4 reduzida. O saudoso jipe da ENGESA, também fabricado no Brasil, tinha o mesmo esquema, mas a caixa de transferência não tinha reduzida, as opções eram: tração traseira e tração 4×4.

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Combustível líquido “limpo” para salvar os motores a combustão…esta imprensa “especializada”…

Ontem o site automotivo AUTO ESPORTE, vinculado ao jornal “O GLOBO”, deu mais uma bola fora, do ponto de vista técnico. O título da matéria, publicada na sua aba MOBILIDADE, “Salvação dos carros a combustão? Porsche quer fabricar gasolina que não precisa de petróleo”.

A matéria conta que a Porsche fez uma parceria com uma empresa do Chile para produzir combustível líquido a partir de CO2 da atmosfera e hidrogênio retirado da água. O autor do artigo diz que a idéia é produzir um combustível que não seja dependente do petróleo e, portanto, menos poluente.

Para garantir a energia para o processo, serão usados aerogeradores, segundo o autor, a região onde a fabrica produzirá o combustível é bem atendida em intensidade de ventos.

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Os diferentes pára-choques e os ângulos de entrada (ou de ataque) do Jeep Renegade.

Um leitor observou que os Jeeps Renegade, quando lançados, tinham dois formatos de pára-choques dianteiros, os modelos 4×2 incorporavam um spoiler na parte inferior, já os modelos 4×4 “mansos” também adotavam o spoiler, apenas na versão “casca-grossa” Trail-Hawk não havia este spoiler. Com o tempo, as versões 4×4 em geral perderam o spoiler e atualmente todas as versões têm pára-choques sem spoilers. O leitor quer saber a razão.

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Acelerador travado em carro automático, voltando ao tema…

Em 2014, meu leitor Ãngelo levantou o tema, depois de ver uma reportagem na TV. Com cada vez mais carros automáticos sendo vendidos no Brasil, o tema foi assunto de dois novos leitores.

Atualizo o post…

O Ângelo, em 2014, estranhou as orientações da reportagem e resolveu saber o que eu acho sobre o caso.

Esta situação é mais comum do que parece. Pessoas habituadas aos carros manuais, ao dirigir automáticos, se confundem com os pedais e pisam no acelerador como se fosse o freio. Como a força necessária ao freio é muito maior que a usada no acelerador, o pedal afunda até o chão e por vezes fica preso no tapete, disparando o carro, que está engrenado (em Drive).

Casos notórios no Rio, como o do carro que saiu de dentro de uma garagem, atravessou todas as pistas e calçadas da avenida e só parou nas areias da praia do Leblon, e o do carro que ficou pendurado na altura do quinto andar na Avenida Rui Barbosa, foram parar nos jornais.

Voltando à dúvida dos leitores, recomendo que num caso destes, a primeira coisa a fazer é manter a calma e desligar a chave do carro, pois aí se corta a alimentação do motor e o carro vai parar em poucos metros.

É verdade que neste caso a assistência hidráulica da direção deixa de funcionar, deixando-a muito pesada e difícil de manobrar, e há que cuidar para que a posição da chave não acione a tranca da direção, mas ainda assim é a opção mais rápida e segura de sair da situação de risco.

Tentar colocar a alavanca do câmbio no neutro é outra opção, mas requer perícia, ela pode não funcionar (o motor estará em alto giro) e há a hipótese de se engatar uma outra marcha, como a ré, agravando a situação. Lembre que este será um momento de tensão e risco.

Há anos vi um manobrista destruir um raro Santana automático ao retirá-lo de uma garagenm subterrânea de um restaurante paulista. Ele pisou fundo para subir a ladeira (à moda dos manobristas), o acelerador travou e ele cruzou a rua, colidindo com um carro estacionado, o carro batia e voltava, por mais duas ou três vezes e aí ele engatou a ré e desceu a ladeira em disparada, destruindo o Santana na primeira coluna da garagem. Felizmente ninguém se machucou.

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