Toyota Corolla Cross XR 21/22, 2.0 flex, CVT.

O Toyota Cross é uma projeto interessante desde que se olhe para ele pela lateral, com perfil alongado e para-lamas salientes, transmite uma imagem que denota dinamismo e elegância. A grade frontal destoa, parece ter saído de outro projeto (chinês ou coreano). A primeira impressão é de um crossover, alto do chão, mas com altura total inferior aos SUVs da mesma categoria. A XR é a versão de entrada da linha.

No interior espaçoso, a tela do multi-media é fixa sobre o painel, e tem funções nada intuitivas. O espelhamento do celular é difícil. Por outro lado, a agenda e o telefone funcionam facilmente.

Andando com o Cross nas ruas do Rio, dá para destacar que a suspensão lida bem com as pequenas amplitudes e de alta frequência, mas sofre com as grandes amplitudes, como os buracos comuns e taxões, quando a suspensão vai até os batentes (o barulho é seco e ocorre com mais frequência que seria esperado).

O câmbio é surpreendente, o melhor CVT que já usei. Com range de reduções muito largo, é muito desmultiplicado, o que mantém o motor abaixo de 1500 rpm quase em qualquer velocidade de cruzeiro, gerando grande economia de combustível. As respostas ao acelerador são rápidas e há 10 marchas pré selecionadas, que podem ser trocadas manualmente na alavanca do console.

O motor 2.0 de quatro cilindros tem comando duplo variável e um raro sistema duplo de injeção (dois bicos por cilindro), um bico para injeção direta e outro para indireta. O objetivo é aumentar a eficiência do motor. O resultado agrada, gerando 177 HP (etanol) e ótimo nível de consumo, empurrando um carro de mais de 1400 quilos de peso. No trânsito pesado do Rio repetiu médias acima de 10 para gasolina, quando fica mais leve, passa fácil de 13.

O conjunto motor 2.0 X câmbio CVT gera uma sensação agradável ao dirigir, coisa que nunca tinha experimentado num Corolla (todos os que testei anteriormente foram alugados fora do Brasil). O Cross não é um Corolla chato, aliou as qualidades conhecidas (durabilidade, economia de combustível, confiabilidade, bom acabamento, bom preço de revenda) com um bom nível de prazer de dirigir. Deixou de ser só um meio de transporte.

O acabamento é bem feito, com materiais simples, mas de boa qualidade. Espartano como um Honda Fit 2003 (veja post), é a escola japonesa. O banco traseiro bipartido tem 2 posições de inclinação do encosto. Os dianteiros tem desenho quase esportivo, com abas laterais proeminentes, segura bem o corpo, mas é desconfortável na região lombar.

O volante regula em altura e profundidade e é forrado de couro nesta versão de entrada. O freio de estacionamento está duas décadas atrasado, é o velho pedal à esquerda do freio. Chato de usar e anacrônico (minha Dakota ano 2.000 usa o mesmo sistema…).

Os retrovisores externos rebatem convenientemente, a comando, com o carro ligado, ou ao se travar o carro desligado. O porta-luvas não tem iluminação. Com tamanho de Compass (mas bem mais baixo), tem pegada de crossover, não de SUV, é um hatch bombado. Tem bom porta malas, sistema Ixofix, painel simples, mas funcional, onde destoa o botão/pino sobre a tela para selecionar a função do odômetro.

A saida do ar condicionado na traseira é fato raro na categoria e MUITO benvinda para quem vai no banco de trás. O porta-malas é coberto com uma cortina retrátil, muito funcional e conveniente.

O computador de bordo conta com um sistema de monitoramento do consumo, fácil de visualizar, ele faz um gráfico de barras colocando sequencialmente o consumo a cada minuto do trajeto, além de uma barra com o consumo instantâneo. Ao desligar o carro, um resumo é apresentado no painel principal.

Quanto ao design, a carroceria agrada, mas a grade dianteira destoa, parece projeto genérico chinês ou coreano. A visibilidade é boa, inclusive pelos retrovisores, grandes e nem posicionados. Os faróis são elegantes e tem regulagem de altura feita no painel, mas iluminam pouco com suas lâmpadas convencionais. Já os de neblina são de led, mas também não iluminam quase nada…

A lanterna traseira de neblina está dentro do conjunto ótico principal esquerdo (devia estar mais perto do chão), mas é ótima para alertar distraídos com o farol alto ligado, te incomodando pelo retrovisor. 

O tão criticado escapamento pintado de preto (pela metade) ainda não era a solução para o problema estético nesta época de fabricação (2021) e ainda destoa da traseira elegante.

No geral gostei do Toyota Corolla Cross, é o melhor Corolla que já dirigi, achei simples para os mais de R$150 mil que custa (falta o controle automático de velocidade de cruzeiro, forração dos bancos em couro, lâmpadas de led nos faróis principais, etc), mas as muitas qualidades e a força da marca certamente farão da versão Cross mais um sucesso da linha Corolla. Eu teria um…