Uma engenheira que trabalha na indústria de petróleo lançou outro dia, num grupo de discussão que participo, a ideia de que carros híbridos e elétricos não afetarão as produtoras de petróleo. Acho que ela está enganada e aqui estão os fatos:
- em 2013, cerca de 55% de um barril de petróleo era transformado em gasolina no mercado americano (o maior consumidor de petróleo do mundo);
- neste mesmo cenário, quase 25% eram convertidos em combustíveis de aviação;
- cerca de 7% em óleos combustíveis e cerca 13% em outros produtos (como lubrificantes).
- (fonte American Petroleum Institute – API)
Tenho comentado aqui os movimentos da indústria (carros com combustíveis renováveis, carros híbridos, carros elétricos e carros com motores menores e mais eficientes). Todos reduzem o consumo de combustíveis fósseis como consumimos por mais de um século. Se consideramos que mais da metade do óleo cru é transformado em gasolina, todos estes movimentos afetarão o mercado deste principal produto do refino do petróleo.
Um carro elétrico de um conhecido que mora na Califórnia é integralmente abastecido pelo aerogerador que ele tem instalado em casa. O Chevrolet Volt (que pode ser abastecido desta mesma maneira), se estiver sendo usado por um usuário padrão (sem usar o plug-in), pode ter o consumo reduzido em mais de 25% se comparado a um carro de mesmo tamanho e desempenho (o mesmo vale para o Ford Fusion e o Toyota Prius). Seus preços vêm caindo ano a ano, com o aumento da escala e a concessão de incentivos fiscais.
Motores pequenos, “animados” por turbos, têm demonstrado sua viabilidade técnica, econômica e mercadológica (Audi, Peugeot, VW e Chevrolet são bons exemplos). Conseguem performance equivalente ou superior aos seus predecessores de maior cilindrada, consumindo significativamente menos combustível (redução supera os 20% nas mesmas condições de uso).
Quando estes veículos representarem 50% da frota mundial (hoje apenas os híbridos são 1% da frota circulante), a queda de demanda por gasolina cairá mais de 20%, o que refletirá numa queda de mais de 10% na demanda por petróleo.
Quando isto ocorrerá? Difícil de dizer, mas o prazo está dentro do horizonte da indústria de petróleo, que tem em seus projetos retornos de investimentos de longo e muito longo prazos.