“Câmara quer liberar carro a diesel no Brasil. Prepare os pulmões.”
Este é o título da matéria que foi publicada numa grande revista há algumas semanas. O tema tem ganhado destaque, por conta da pressão dos dois lados, os que defendem a liberação irrestrita dos motores diesel em qualquer tipo de veículo e os que defendem a manutenção do status quo, com critérios restritivos à sua adoção.
O Projeto de Lei nº 1.013/2011 já foi rejeitado na Câmara, não de forma definitiva, mas sem que um arrazoado técnico isento respaldasse as decisões.
Dizer que o projeto não deve ser aprovado por questões ambientais é um argumento tolo, na melhor das hipóteses. Na Europa, a região mais restritiva às questões de emissões, o diesel é amplamente usado em veículos de todos os tamanhos e propósitos.
Vale citar um exemplo. O Peugeot 308, tem três opções de motores em sua versão de entrada na Europa. O movido a gasolina (1.2 de 110 CV) gera emissões de 105 g/km de CO2 (circuito misto padrão) e 0 g/km de particulado. Nas mesmas condições o movido a diesel (1.6 de 100 CV), gera emissões de 94 g/km de CO2 (circuito misto padrão) e 0 g/km de particulado. Já o movido a diesel, também 1.6 mas com 120 CV, gera emissões de 82 g/km de CO2 (circuito misto padrão) e 0 g/km de particulado. Ou seja, os diesel emitem menos que o gasolina!
Dezenas de exemplos similares podem ser obtidos nos sites das empresas europeias. Ou seja, pelo argumento ambiental não se pode justificar a não adoção de motores diesel em automóveis no Brasil.
Fica a questão da grade de refino estabelecida desde o início da indústria do petróleo (estatal àquele tempo) no Brasil, que privilegiou a produção de diesel em detrimento de outros derivados, para dar viabilidade econômica para a indústria automobilística e de construção civil, que pretendia produzir caminhões e construir rodovias em larga escala.
O debate por aqui está fundamentado por questões e interesses comerciais, mas estão sendo esquecidos os fundamentos que de fato deveriam norteá-lo.