Fazer avaliações sobre as qualidades do seu próprio carro é sempre difícil. Um item tão emocional como o carro, leva a avaliações tendenciosas, ainda que francas e feitas sem segundas intenções.
Na mesma conversa de almoço que comentei no POST anterior, o assunto consumo veio à tona. Um dos colegas nos disse: meu carro bebe muito, faz entre 6 e 7 km/litro. Um outro disparou: não é possível, o meu que eh maior, faz entre 11 e 12 km/litro e na estrada faz mais de 17 km/litro.
Ambos estão certos e errados. Explico: o primeiro comentou o assunto diante da média de consumo apontada pelo computador de bordo, medida entre abastecimentos. O dado não é absolutamente preciso, mas conta com razoável grau de precisão. O segundo, positivamente impressionado com o baixo consumo de seu carro, generaliza medições pontuais. Ele deveria ter dito: meu carro chega a fazer entre 11 e 12 km/litro e na estrada chega a fazer mais de 17 km/litro.
Nenhum carro grande vendido no Brasil, como motor flex, chega a fazer em grandes percursos, consumos médios como os dados apontados pelo segundo colega.
O Picasso da primeira colega enfrenta diariamente trânsito pesado entre a Zona Oeste e o Centro do Rio. Nestas condições quase qualquer carro vai fazer médias parecidas com aquelas que o computador do carro dela mede.
As afirmações de ambos estão contaminadas por suas visões pessoais, negativa e positiva, que cada um tem de seu carro. Desta forma elas são incomparáveis, por ter critérios distintos, e estão parcialmente certas e parcialmente erradas.
Para medições minimamente comparáveis, deveríamos atentar para:
– velocidade média no percurso em que o consumo foi medido.
– se houve abastecimentos com etanol recentemente (os traços de etanol no tanque diminuem a média de consumo).
– o número de passageiros e carga transportado no trecho.
– o tamanho do trecho e a temperatura (o ar condicionado esteve o tempo todo ligado¿) no dia em que o consumo foi medido.
– etc