Consumo elevado e banguela, questões recorrentes….

Na semana passada, num almoço entre amigos, surgiu um tema recorrente, o uso da banguela para economizar combustível. Para quem não sabe, banguela é a prática perigosa de colocar o carro em porto morto (neutro) para descer um longo trecho, na expectativa de que o motor economize combustível.

A todos os leitores que fazem ou pensam em fazer isto, recomendo: NÃO façam isto! Esta é uma prática perigosa, além de não surtir o efeito pretendido. Pelo contrário, gasta mais que se o uso for correto.

O carro em questão é um Picasso, 2014, com motor 1.6, com injeção multiponto, com câmbio automático de quatro marchas e opção de troca manual na alavanca (shift gear). Este é um câmbio bem antigo, que recebeu este upgrade da troca manual de marchas, mas não deixou de ser um câmbio convencional e dotado de conversor de torque.

Minha amiga que passou a adotar a prática da banguela por conta do alto consumo do Picasso, não sabia que além de insegura, a banguela aumenta o consumo de combustível no trecho em que é usada. Explico a seguir.

Nos carros com injeção de combustível, ao se descer um longo trecho engatado, o peso do carro empurra o câmbio, que empurra o motor, o que leva o sistema de combustível a cortar completamente o combustível injetado, reduzindo a ZERO o volume de combustível queimado. O sistema só volta a injetar combustível quando o motorista toca no acelerador.

Em carros que tem computador de bordo que indique o consumo instantâneo, é comum que eles marquem ZERO, ou traços, ou ainda coloquem o numero de fundo de escala (99,9 km por litro).

Como um motorista deve descer a serra então, se está usando um carro automático¿

A dica é selecionar uma marcha manualmente, que permita que o giro fique entre 2.000 e 3.000 RPM, o que garantirá boa resposta do sistema (como freio motor) e manterá todos os sistemas (ar condicionado, direção hidráulica, etc.) funcionando sem que nenhuma gota de combustível seja gasta.

Se o carro é automático, mas não tem a opção de trocas manuais, deve haver a opção de escolher na alavanca as marchas 2 ou 3. Opte por aquela que atingir a mesma condição de rotação do motor descrita acima. Se o carro for manual, mais fácil ainda, selecione a marcha mais adequada.

Vale comentar, se um carro automático, com conversor de torque, com câmbio antigo, for deixado em D, o empurrão do peso do carro na descida será sentido pelo conversor de torque, que diminuirá a pressão do óleo e deixará o carro quase na banguela, mais solto que um carro manual descendo em quinta marcha.

Comento em outro POST a percepção de cada um sobre o consumo de seu carro.