Chega aos 40.000 km o Fiat 500 Sport, 1.4, automático de 6 marchas, flex.

Já publiquei quatro avaliações neste BLOG, quando meu Fiat 500 passou pelos 2.500, 10.000, 20.000 e 30.000 km. Agora atualizo a avaliação com ele chegando aos 40.000 km.

Quilometragem inicial do teste – 0  km / km rodados – 40.000 km

Cenário de uso – Cidade (ruas e vias expressas). Estradas no Rio de Janeiro.

Este FIAT 500, fabricado no México, chega aos 40.000 km confirmando suas qualidades e defeitos (poucos), sem grandes surpresas para os usuários.

Na direção – A direção elétrica continua leve, mas pode ser endurecida ao ser selecionado o modo de direção Sport, que afeta não só o “peso” da direção mas também o ajuste de troca de marchas do câmbio automático. Com o aumento da quilometragem, alguns ruídos no sistema de direção (estalos ao esterçar) ficaram mais flagrantes e na revisão de 15.000 km foi constatada a falha na junta universal, que foi substituída em garantia. Ela voltou a apresentar problemas depois dos 30.000 km rodados. O carro não estava mais em garantia e fiquei assustado de ter que trocar a coluna (que custa uma pequena fortuna…), mas isto não foi necessário, “um aperto resolveu o problema”, descreveu o técnico na concessionária.

A suspensão transmite bastante as irregularidades do solo, fato esperado por conta dos pneus de perfil baixo (195 45R 16). Com o desgaste dos pneus esta característica ficou mais flagrante. Quando troquei os 4 pneus por novos, a sensação voltou ao normal, sem mais aspereza excessiva.

A posição de dirigir é muito boa, bem elevada, com regulagem de altura do banco do motorista, além de regulagens do ângulo do acento, mas sem regulagem do apoio lombar. Os bancos são esportivos e seguram bem motorista e o passageiro na dianteira. Mesmo em pisos lisos, o rodar é áspero, compatível com a designação Sport desta versão. É no asfalto liso que o 500 encontra o seu habitat, já nos pisos acidentados vários barulhos aparecem no interior, agravados com o passar do tempo (houve um grande incremento depois dos 30.000 km). Apesar de pequeno, o 500 não se deixa abalar pelos ventos laterais, nem em altas velocidades.

Há muitos mimos eletrônicos, do sistema de som premium (cujos alto-falantes demonstram cansaço desde os 20.000 km…) ao painel digital customizável de acordo com o gosto do motorista.

Fiat 500-sport-2014  Foto promocional da FIAT

Do motor e câmbio – O motor MultiAir Flex (se você não sabe o que significa este motor, dê uma lida no POST sobre ele neste BLOG), de quatro cilindros, de 1,4 litros, é excelente, ronca forte quando provocado. O câmbio automático de seis marchas é ótimo e incorporou uma série de características de deixam o carro gostoso de dirigir. Não existem os “buracos” comuns dos câmbios de quatro marchas, há sempre uma marcha apropriada para o seu momento e modo de condução. As respostas ao acelerador são mais rápidas que na maioria dos carros e o sistema “interpreta” as suas reações e prepara a melhor alternativa para condição de carga e velocidade. Com a tecla Sport apertada, o conjunto fica brilhante!

No uso neste modo Sport e “roçando o carpete”, o câmbio automático faz bem seu papel, deixando o motor encher, mas as trocas de marchas ainda assim são suaves e rápidas. No modo normal as reações são um pouco lentas ao acelerador, transmitindo a sensação que o conjunto não tem força, o que se desfaz quando o motor ganha giros.

Para o tamanho do carro, o 500 é pesado, mas o conjunto motor / câmbio dá conta do recado e torna o carrinho um brinquedo de quem gosta de dirigir. Nas descidas de serra, o câmbio procura a marcha mais adequada, para fazer o “freio motor” sem deixar o motor berrando. Controle de tração e ABS complementam o bom acerto para quem quer uma tocada mais rápida “sem sair da trilha”.

Da suspensão e do chassis – A suspensão é bastante firme e ágil, mas não foi feita para a buraqueira das nossas cidades. Está bem melhor nesta versão mexicana que na anterior polonesa, mas ainda se recente dos nossos buracos, aos 10.000 km estava íntegra, mas aos 15.000 já mostrava que não foi feita para a buraqueira do Rio, e foi necessário trocar os batentes dos amortecedores dianteiros.  Aos 30 mil kms o barulho nos batentes voltou, antes dos 40 mil tive que trocar os dois amortecedores dianteiros. Nos buracos, os solavancos são duros, mas perfeitamente coerentes com a proposta esportiva do carro. Rodando na cidade, mesmo pequenos buracos podem ser sentidos sem nenhuma sutileza.

Os largos pneus da Continental, de perfil esportivo e montados em lindas rodas de aro 16”, são excelentes e coerentes com esportividade proposta para o carro. Resistiram até os 38 mil km, quando um desgaste nas faixas externas das bandas de rodagem (veja fotos) me levaram a substituir os 4 pneus.

A medida é difícil de achar e o Continental são caros. Optei por comprar da Falken, marca japonesa que controla a Dunlop, que começou a fabricar pneus no Brasil. Nos 2 mil km que já rodei, tenho achado eles tão bons quanto os Continental originais do carro, o tempo dirá o resto.

Do acabamento e conforto – O acabamento é muito bem cuidado, com visual interior marcante e inovador. Os materiais são de ótima qualidade, o som é muito bom (mas os alto-falantes não aguentam volumes muito altos sem vibrar e distorcer), o nível de ruído que era relativamente baixo agora é contaminado com os barulhos da suspensão e dos plásticos. A vida a bordo é fácil (para quem vai na frente). As portas são grandes. O couro dos bancos tem boa aparência e tato agradável, ainda que não seja dos mais macios.  O espaço para as pernas no banco de trás é pequeno, mas não há surpresa num carro deste tamanho. Há muitos confortos incomuns mesmo em carros bem mais caros. A eletrônica embarcada permite que o motorista customize várias características, como luzes externas, tempo que o rádio fica ligado depois de desligar o carro, etc. Outros mimos são interessantes, como o controle digital para o ar condicionado, o computador de bordo, o termômetro de temperatura externa, o controle do sistema multimídia no volante, o sistema de comando por voz e interface com o celular são destaques, sistema de diagnóstico que avisa, por exemplo, que há uma luz de freio queimada.

Pontos fortes – Ótimo conjunto motor/câmbio. Ótima estabilidade direcional. Ótimo acabamento. Muita eletrônica embarcada. Ótima posição de dirigir. Beleza do conjunto e cuidado com os detalhes. Charmoso e gostoso de dirigir. Muito econômico (neste ponto, a comparação com os Audis turbo que recentemente avaliei, deixa o 500 envergonhado). Praticidade no uso em cidade, pelo comprimento e largura reduzidos. Ótima relação custo/benefício.

Pontos fracos – Ruídos internos que se agravam com a quilometragem. O teto solar aberto fica barulhento quando o carro é usado em velocidades superiores a 70 km/h. O sun-shade do teto solar é “furadinho” o que permite passar a luz solar, “esquentando” a cabeça de que vai nos bancos da frente. Os tapetes amovíveis são opcionais (num carro que 0 km chegou a custar quase R$ 80 mil, esta é uma economia inaceitável). Sistema de controle de lanternas e faróis é configurável, mas as opções são fora dos padrões usuais brasileiros. Banco do passageiro é muito alto e não tem regulagem de altura. Não é possível estacionar o carro e deixar o câmbio em neutro (N). Rápida deterioração da suspensão, mesmo que prioritariamente o 500 tenha sido usado em pisos de boa qualidade para os padrões brasileiros.

Fiat 500 teto

Foto promocional da FIAT – Controle elétrico do teto solar.