Audi A3 2017, 1.4 turbo, flex, automático 6 marchas.

O A3 também, a exemplo de seu primo Q3 (veja o POST da semana passada), é quase uma unanimidade. Não conheço ninguém que não admire este sedã. Fabricados no Brasil, ele tem qualidades de sobra para ser o queridinho do mercado e, como o Q3, tem lá seus poucos defeitos…

O desenho é elegante e discreto, clássico e atemporal, remete aos seus antepassados, sem licenciosidades aos modernismos. Em tempos de carrocerias à moda “Jaspion”, ele é uma âncora de beleza, sobriedade e elegância.

No interior, o acabamento é de boa qualidade, com tecidos dos bancos. Os dianteiros poderiam ser mais envolventes, para dar mais estabilidade aos ocupantes numa condução mais animada… Não há com regulagens elétricas, tampouco regulagem de apoio lombar.

A visibilidade para trás é prejudicada pelos estilosos, mas ineficientes, retrovisores externos. O minúsculo retrovisor interno não ajuda muito, o qual também não conta com sistema foto-sensível, requerendo atuação manual. Nesta versão de entrada, não há câmera de ré, mas os sensores sonoros ajudam nas manobras.

O painel é simples, mas bem completo. Uma tela central (que sobe e desce por controle elétrico) complementa as informações de entretenimento e conectividade. O porta luvas conta com CD Player e slot de cartão SD. Já no console há duas portas USB (uma evolução ao Q3…). A qualidade do som é ótima.

No console dois porta-copos. Outros porta-copos estão em todas as portas, mas não há porta-copos no console traseiro. Também não há saídas de ar condicionado na traseira. O ar condicionado é analógico. O acabamento é muito bom, com encaixes perfeitos, sem rebarbas e materiais de muito boa qualidade e agradáveis ao toque.

Há bom espaço para os passageiros na frente. Atrás viajam bem dois passageiros, mas sem muito espaço para as pernas. Os bancos traseiros não reclinam os encostos, mas a ergonomia dos bancos é boa. Há menos espaço entre as cabeças e o teto que no Q3, mas nada que comprometa o conforto.

O porta malas é bom, com acesso fácil, dentro do esperado para um sedã médio (não medi o volume, a Audi informa 425 litros). Os faróis de xenon, com lâmpadas de posição de led, associados às lanternas e os repetidores de led, dão toque sofisticado ao exterior, mas sem perder a tendência à elegância e à discrição.

As rodas são de aro 17, com pneus com banda 225 e ombro 45, são prenúncio da diversão que o conjunto mecânico vai proporcionar.

Ligado o motor, começam a se exibir suas melhores qualidades. O 1.4T é silencioso e mostra a sua força sem cerimônia. Há um flagrante “turbo lag”, mas passado este momento, o A3 acelera furioso. Ao esticar as marchas no limite, a troca de marchas é  um pouco lenta, mas dentro do esperado para um câmbio automático convencional (não é o DSG do Q3). No uso normal e mesmo num mais dinâmico, as trocas acontecem com precisão. O câmbio de seis marchas está afinadíssimo com o motor e não há relutâncias.

O comportamento dinâmico é muito bom. A suspensão simplificada na traseira (nesta versão brasileira de entrada) não comprometeu significantemente a dinâmica do carro (pode ser que numa pista em altas velocidades seja mais sensível a perda de estabilidade). As serras sinuosas são o habitat natural do A3. Há pouco balanço lateral (roll) e o A3 faz a maioria dos sedãs familiares ficarem envergonhados nas curvas. A tração dianteira é bem controlada pela farta eletrônica embarcada.

Na estrada plana, a sexta marcha serve para quase qualquer situação, pois o torque enorme está disponível em larga faixa de rotações do motor (máximo torque entre 1500 a 3500 rpm). Ai, novamente, senti falta do controle de velocidade (cruise control). Inadmissível num carro deste preço!

Numa serra, o modo S (Sport) deve ser selecionado, as trocas são feitas em rotações mais altas, o 1.4T está sempre super animado. A sensação é que se está dirigindo um carro com motor enorme! As trocas de marcha também podem ser feitas de moto manual, em duas pequenas borboletas atrás do volante, o que garante muita diversão. Elas giram junto com o volante. Pode não ser a configuração ideal para um piloto de corridas, mas o A3 não é um carro de corrida.

Neste sedã o ponto surpreendente (positivo) é o consumo. Num percurso misto, cidade (leve e pesado) e estrada (plana, subindo e descendo serra), o A3 fez a incrível marca de 12,0 km/l… de etanol!!!!! A marca estava marcada no computador de bordo e, ceticamente, fui conferir no posto. Estava certa! Um tapa nos concorrentes diretos e uma ameaça velada para os híbridos a venda no Brasil.

Para concluir, achei o A3 ótimo, um carro para quem tem prazer de dirigir… que tem preço muito perto de seus concorrentes “do andar debaixo” (Honda Civic e Toyota Corolla).

Não é um carro barato e peca pelo nível de acessórios que oferece (por exemplo: falta do cruise control, falta do retrovisor foto sensível, falta de couro nos bancos, etc… equipamentos que deveriam estar incluídos em todas as versões).

Vale destacar que esta versão de entrada do A3 (menos de R$ 107 mil) custa a mesma coisa que as versões de cima do Civic (a versão 2.0 ELX CVT passa de R$ 105 mil e a Touring 1.5 turbo CVT passa de R$ 125 mil) e do Corolla (a versão Altis 2.0 automático passa de R$ 110 mil).

Comparando com seus concorrentes, ele tem o status, a performance e o consumo a seu favor (pontos muito fortes), mas perde em espaço e acessórios.

É uma compra racional!…com uma boa pitada emocional.