O Q3 é quase uma unanimidade, não conheço ninguém que não simpatize com o carro. Construído como crossover sobre a base do A3 sedã, ambos fabricados no Brasil, ele tem qualidades de sobra para ser o queridinho do mercado, mas tem lá seus defeitos…
Nestas fotos acima, o Q3 está sob as lentes do film maker Vitor Lopes Martins, da Motus Filmes (www.motusfilmes.com).
Os bancos dianteiros são muito bons, com regulagens elétricas e bom apoio para costas e pernas. O couro beje tem toque agradável, mas a cor não é prática para o dia a dia. A visibilidade é ótima para a frente e para os lados, já para trás é apenas razoável. Nesta versão de entrada, não há câmera de ré, mas os sensores sonoros ajudam nas manobras.
O painel é simples, mas bem completo. Uma tela central pequena, completa as informações de entretenimento e conectividade. O painel conta com slot de cartão SD e no console há uma entrada auxiliar P2. A qualidade do som é ótima. No console há duas tomadas de 12 V. Inacreditavelmente, não há entradas USB!
No console dois porta-copos. Outros porta-copos estão em todas as portas, mas não há porta-copos no console traseiro. Também não há saídas de ar condicionado na traseira. O ar condicionado é analógico. O acabamento é muito bom, com encaixes perfeitos, sem rebarbas e materiais de muito boa qualidade e agradáveis ao toque.
Há bom espaço para os passageiros na frente. Atrás viajam bem dois passageiros, mas sem muito espaço para as pernas (o Jeep Compass tem muito mais espaço, por exemplo). Os bancos traseiros não reclinam os encostos, mas a ergonomia dos bancos é boa. Há bom espaço entre as cabeças e o teto.
O porta malas é pequeno, parece de um hatch médio (não medi, mas debaixo da cortina acho difícil que caibam os 460 litros declarados pela Audi). Os faróis de xenon com lâmpadas de posição de led, associados a lanternas e repetidores de led, dão toque sofisticado ao exterior, mas sem perder a tendência à discrição. As rodas são de aro 17, com pneus 235, de ombro 55.
Ligado o motor, começam a se exibir suas melhores qualidades. O 1.4T é silencioso e mostra a sua força sem cerimônia. Há um flagrante “turbo lag”, mas passado este momento, o Q3 acelera furioso. Ao esticar as marchas no limite, a troca de marchas é mais lenta que o esperado, mas no uso normal e mesmo mais dinâmico, elas acontecem com muita rapidez. O câmbio de seis marchas (S-Tronic) está afinadíssimo com o motor e não há relutâncias.
O comportamento dinâmico é muito bom. Há menos balanço lateral (roll) do seria esperado de um crossover. O Q3 faz muitos sedãs familiares ficarem envergonhados nas curvas. A tração dianteira é bem controlada pela farta eletrônica embarcada.
Na estrada plana, a sexta marcha serve para quase qualquer situação, pois o torque enorme está disponível em larga faixa de rotações do motor (máximo torque entre 1500 a 3500 rpm). Ai senti falta do controle de velocidade (cruise control). Inadmissível num carro deste preço!
Numa serra, o modo S (Sport) deve ser selecionado, as trocas ficam mais rápidas e são feitas em rotações mais altas, o 1.4T está sempre super animado. A sensação é que se está dirigindo um carro com motor enorme! As trocas de marcha também podem ser feitas de moto manual, em duas pequenas borboletas atrás do volante. Elas giram junto com o volante. Pode não ser a configuração ideal para um piloto de corridas, mas o Q3 não é um carro de corrida.
Outro ponto surpreendente (positivo) do Q3 é o consumo. Num percurso misto, cidade (leve e pesado) e estrada (plana, subindo e descendo serra), o Q3 fez a incrível marca de 12,2 km/l… de etanol!!!!! A marca estava marcada no computador de bordo e, ceticamente, fui conferir no posto. Estava certa! Um tapa nos concorrentes diretos e uma ameaça velada para os híbridos a venda no Brasil.
Para concluir, achei o Q3 ótimo, um carro para quem tem prazer de dirigir… mas caro para o que oferece, com lacunas inadmissíveis de equipamentos que deveriam estar incluídos em todas as versões. Comparando com seus concorrentes, ele tem a performance e o consumo a seu favor (pontos muito fortes), mas perde em espaço, acessórios e tecnologias embarcadas.
É uma compra emocional!…com uma pitada racional.